In Ventis

Pode a literatura em língua portuguesa retornar a seu marco fundador, com a publicação e difusão de uma epopeia em estrutura camoniana?

Essa é a proposta de In Ventis, que busca no herói Alberto Santos Dumont a figura necessária para protagonizar uma história símbolo do Brasil e de outros povos periféricos de Ásia, África e América Latina. A invenção do avião, e a subsequente injustiça imposta ao seu criador, será contada em paralelo com a história do Brasil e a consolidação de eventos cruciais do século XX, que conduziram os países aos atuais lugares de imperialismo e submissão política e cultural. Nesta história, como em toda epopeia, os deuses greco-romanos terão papel fundamental ao guiar o herói e tecer os fatos no curso do tempo, numa versão bem brasileira que mistura o épico clássico à antropofagia modernista, exaltando o caráter mestiço e multicultural do Brasil, e mesclando figuras como Atenas, Zeus e Poseidon ao catolicismo, aos povos indígenas e entidades africanas, além de figuras abstratas como o próprio capitalismo.

A obra também traz ao cânone poético a narrativa leve e contemporânea de autores como Neil Gaiman e J.K. Rowling, a fim de levar este gênero a leitores de todas as idades. Sob a luz da musa Calíope, inspiradora da poesia épica, busca fazer justiça a Santos Dumont, igualando-o a nomes como Heitor, Aquiles, Odisseu e Vasco da Gama, e faz emergir uma nova narrativa heroica em 1.102 estrofes de oito versos decassílabos, divididas em 11 cantos, contando os feitos e genialidades que construíram a aviação e esta fantástica e improvável nação chamada Brasil.