
Ryse, hack'n slash romano e um anticlássico de primeira
“Ryse: son of Rome” (2013) é um jogo que ficou apagado na história dos games, e que nem necessariamente deve ser qualificado como “subestimado”, mas que introduz um elemento interessante ao gênero “hack and slash”, tão popular entre as gerações PS2 e PS3/Xbox360. Antes do estabelecimento dos jogos de mundo aberto, nessa última geração, o gênero “porradaria pura”, quase um herdeiro dos “beat’em up” como “Double dragon” (1987) e “Streets of Rage” (1991), fez muito sucesso com “God of war” (2005). No início da geração PS4, o jogo foi lançado para Xbox One e, mais tarde, ganharia versão para PC.
Tradicionalíssimo e porradeiro
Entretanto, seu sucesso ficaria limitado aos fãs mais apaixonados pelo estilo. Com uma dinâmica excelente e momentos de virada absurdos, com gigantescos ou numerosos inimigos que fazem o jogador cair na porrada muito mais que buscar resolver enigmas, “Ryse: son of Rome” é um jogo que testa a habilidade à moda antiga: mover os dedos rápido e eficazmente, e ser capaz de tomar decisões rápidas, é algo que definirá o seu sucesso contra os inimigos. Caso contrário, a repetição das mesmas cenas após morrer várias vezes faz com que o jogador, como em qualquer jogo de ação, perceba padrões nas ações dos oponentes, de modo que torna-se mais fácil prever suas ações e agir conforme as mesmas.
Nuances do passado
Controla-se o general Mário Tito, que deve proteger o imperador Nero de um ataque bárbaro em plena Roma. É, portanto, de partida uma história que mistura elementos reais a fantasiosos, o que vai ficando claro à medida que se apresenta personagens históricos a figuras mitológicas em proporções colossais. A história transcorre no modelo chamado “in media res”, ou seja, em tradução literal, “do meio para trás”, o que quer dizer que ele vai começar de um ponto avançado, retornar ao princípio de tudo, para que a narrativa reencontre o ponto inicial em algum momento.
Era o método utilizado pelas antigas epopeias latinas, o que demonstra o quanto os desenvolvedores se esmeraram em manter elementos culturais romanos. Nesse caminho, Tito encontra-se com seu pai, com personagens romanas e muito mais, sempre buscando salvar Nero e enfrentar seres míticos ou importantes comandantes bárbaros e traidores romanos, até redescobrir quem é o próprio Nero na história.
Bom pra quem gosta
O estilo “hack and slash”, ainda bem implementado em “Dante’s Inferno” (2010), fez muito sucesso num tempo de pouca elaboração de cenários no universo dos games. O que ainda engatinhava, com “GTA San Andreas” (2004), tomou o cenário dos jogos de aventura que prezam por boas histórias, sobretudo a partir da geração PS4, quando todo jogo que pretendesse desenvolver boa organicidade partia ao “mundo aberto”. Portanto, “Ryse: son of Rome” já nasceu envelhecendo mal, atrasado no formato. Mas vale a experiência, em virtude do majestoso retrato que faz de Roma, assim como da jogabilidade divertida e dinâmica que entrega, para fãs do gênero ou admiradores do Império Romano.